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Araucária: a história do pinheiro brasileiro

Atualizado: 12 de set. de 2023



Dia 24 de junho é o Dia nacional da araucária (Araucaria angustifolia), popularmente conhecida por pinheiro-brasileiro, pinheiro-do-paraná e também pelo seu nome de origem indígena: curi. A cidade de Curitiba tem seu nome originário do Guarani "kur yt yba" (grande quantidade de pinheiros, terra de muitos pinheiros ou pinheiral), que era a forma como as comunidades indígenas tradicionais se referiam ao local.


O Dia nacional da araucária foi criado em 2005, através de decreto presidencial na Semana da Mata Atlântica, em Campos do Jordão, visando despertar a atenção para a exploração da árvore e desmatamento da Mata Atlântica. A escolha do dia 24 de junho (festa de São João) coincidir com a época de pinhão.



A araucária é a árvore símbolo do Paraná. A busca pela identidade do Estado foi impulsionada pela proclamação da República (que gerou a necessidade de se criar novos símbolos e identidades tanto a nível nacional como regional) e criada entre os anos de 1920 e 1930 através de um movimento artístico, cultural e político que ficou conhecido por Movimento Paranista. Entre os elementos naturais que foram artisticamente integrados a identidade paranaense estavam o pinheiro, o pinhão, erva-mate, onça e gralha azul.


O escultor paranaense João Turin (1878-1949) foi o autor da obra icônica "Homem-Pinheiro" que associa o Homem Vitruviano (de Leonardo Da Vinci) à araucária, em uma linguagem simbiótica com o mundo natural. A imagem do "Homem-Pinheiro" circulou em quase todas as edições da revista "Illustração Paranaense", um dos principais veículos do movimento.


Embora o termo pinheiro seja popularmente associado ao frio e a ambientes de taiga, a Floresta Ombrófila Mista, também chamada Mata de Araucária (ou ainda Mata de Pinhais) é um ecossistema tropical que pertence ao bioma da Mata Atlântica.


O gênero Araucaria abrange 20 espécies, que são distribuídas em diversas regiões do hemisfério sul: sul da América do Sul, Austrália, Nova Caledônia e Nova Guiné, por exemplo. As araucárias são plantas da família Araucariaceae.



A espécie Araucaria angustifolia é uma conífera que atinge 50 metros de altura, facilmente reconhecida por sua copa de simetria radial em formato de candelabro. Quando jovens, as araucárias tem formato de cone. O Parque do Pinheiro Grosso, em Canelas (RS) abriga um dos maiores exemplares de araucária do mundo - e o maior do Brasil, com 48 metros de altura e idade estimada em aproximadamente 700 anos.


Antes de receber seu nome científico atual Araucaria angustifolia, a espécie já foi conhecida pelos nomes Araucaria brasiliana, Columbea brasiliana e Pinus dioica (que hoje em dia são nomes inválidos mas que constam em registros mais antigos e descrições feitas por naturalistas do passado).


Típica da Floresta Ombrófila Mista, pode ser encontrada nos biomas da Mata Atlântica e Pampa, ocorrendo majoritariamente na região Sul do Brasil, mas também é encontrada nos Estados de São Paulo e Minas Gerais, principalmente na Serra da Mantiqueira, na Região Serrana do Rio de Janeiro e em pequenos trechos da Argentina e Paraguai. Desta forma, é uma espécie nativa e não endêmica do Brasil.



A intensa exploração para fornecimento de madeira e pinhão (muitas vezes coletado ainda em maturação), mais a degradação de seu habitat, colocaram a araucária em Perigo Crítico de Extinção, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN).


Para os brasileiros, pinhão é nome dado às sementes da Araucaria angustifolia, mas em outros países o termo também é utilizado para designar sementes de outras espécies de araucárias e pinheiros. É um alimento muito nutritivo pois contém toda a reserva armazenada para que a nova planta sobreviva durante sua fase de germinação.


O pinhão é formado na pinha, que na Botânica é chamado de estróbilo ou cone. As pinhas são órgãos de reprodução do grupo de plantas formado por pinheiros, ciprestes, cedros, sequoias e araucárias, por exemplo.

A pinha da planta masculina libera seu "pólen" (que para este grupo de plantas recebe o nome de micrósporo) e o vento proporciona seu transporte até a pinha da planta feminina, que após fecundação, dará origem às sementes.


Ilustração: Siebold, P.F. von, Zuccarini, J.G., Flora Japonica (1842-1870) Fl. Jap.

As sementes da araucária amadurecem na pinha até que esta sofra uma dilatação: momento que a pinha estoura e lança as sementes até 50 metros de distância da planta mãe.

Apesar de ser uma forma de dispersão muito bem elaborada, o estouro da pinha não é a principal forma de disseminação: tanto o ser humano como outros animais que se alimentam do pinhão também atuam no seu transporte e disseminação, com destaque para a ação de pequenos roedores que enterram uma grande quantidade de sementes no solo. A coleta para o consumo humano deve considerar que o pinhão também é um suplemento alimentar de diversos animais silvestres durante inverno.

Por: Patrícia Dijigow

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