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Árvores lunares: as sementes que orbitaram a Lua

Atualizado: 28 de fev. de 2023


O voo espacial Apollo 14 levou centenas de sementes para orbitarem a Lua. Ao retornarem para a Terra com os astronautas da missão, muitas dessas sementes começaram a germinar e foram plantadas em diversas localidades - e por este motivo ficaram conhecidas como árvores lunares ou árvores-da-lua.


Emblema do programa das árvores lunares. Imagem: NASA.

Esclarecemos que não houve germinação ou plantio na superfície lunar. As sementes orbitaram o satélite natural da Terra durante o voo tripulado, como parte de um experimento científico realizado em conjunto entre o Serviço Florestal dos Estados Unidos e a NASA, para estudar a ação da microgravidade sobre as plantas e foram germinadas e plantadas em solo terrestre.


O plátano localizado no Centro de Voos Espaciais Goddard (EUA). Foto de Jay Friedlander para a NASA.

A Apollo 14 foi uma missão espacial tripulada norte-americana, responsável pelo terceiro pouso na Lua, em 05 de fevereiro de 1971. A tripulação foi formada pelos astronautas Alan Shepard, Stuart Roosa e Edgar Mitchell. Shepard e Mitchell pousaram o módulo lunar Antares e exploraram a superfície lunar, coletando rochas e realizando experimentos científicos. Roosa (1933 - 1994) foi o astronauta que permaneceu em órbita lunar, a bordo do módulo de comando, e que havia levado as 500 sementes que orbitaram 34 vezes a Lua. 


Da esquerda para a direita, os astronautas da missão Apollo 14: Suart Roosa, Alan Shepard e Edgar Mitchel.

Em 9 de fevereiro de 1971, a missão regressou à Terra. A maioria das sementes germinou e nos anos seguintes, as mudas foram plantadas por diversas regiões dos Estados Unidos, muitas em 1976 como parte das comemorações do bicentenário da independência dos Estados Unidos. Os plantios acabaram ofuscados pelas outras celebrações da data histórica e receberam pouca atenção nacional, caindo em esquecimento.



Recorte de jornal mostrando a cerimônia de plantio da árvore lunar em Maryland (Estados Unidos). Foto: NASA.

Apesar da bem sucedida germinação das sementes após o retorno à Terra, as árvores geradas nunca foram oficialmente estudadas. E quase não foram completamente esquecidas porque décadas depois, em 1996, uma professora da terceira série em Indiana enviou uma mensagem para Dave Williams, arquivista da NASA, perguntando a respeito de placa indicativa com o nome de "moon tree" (árvore da lua ou árvore lunar). 


Placa da árvore lunar localizada no Centro de Voos Espaciais Goddard, EUA. Foto de Ron Zellar para a NASA.

Sem nunca ter ouvido falar no assunto, Williams iniciou uma ampla pesquisa para resgatar o passado entre colegas mais velhos, em jornais impressos com fotos de cerimônias de plantios e começou a levantar quantas árvores haviam sido plantadas e quantas ainda estavam vivas, resgatando sua história. 


Atualmente mais de 80 árvores foram identificadas e devidamente mapeadas, sendo possível ver a relação das espécies com informações confirmadas sobre a data de plantio, localização, placa de identificação, imagens de reportagens da época e fotos mais recentes na página "The Moon Trees", criada pela NASA.


Acima: a sequoia plantada em Cambará do Sul (RS). Fotos de Jonathas Braga Baker.



Algumas árvores foram plantadas em outros países, inclusive no Brasil, onde três delas foram localizadas: o liquidâmbar (Liquidambar styraciflua) em Brasília (no Instituto IBAMA, plantada em 14 de Novembro de 1980), a sequoia (Sequoia serpervirens) em Santa Rosa (Parque da Fenasoja - RS, plantada em 18 de Agosto de 1981) e mais uma sequoia (Sequoia serpervirens) em Cambará do Sul (Praça Central São José - RS, plantada em 26 September de 1982).


Atualmente novas pesquisas sobre cultivo de plantas no espaço são realizadas a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS). 



Detalhes mais abrangentes da incrível história das árvores lunares podem ser lidos no livro A planta do mundo de Stefano Mancuso, lançado pela Ubu editora e disponível na loja on-line da Escola de Botânica.



Confira a relação das árvores lunares, localização e imagens na página "The Moon Trees":



Por: Patrícia Dijigow


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