Mulheres farejadoras: a intuição na ponta do nariz, lançado pela editora Mapalab, traz a tese de doutorado da historiadora, cientista PhD e especialista em cheiros e emoções Palmira Margarida.
Fundadora da Escola de Perfumaria Ancestral, Palmira há mais de década pesquisa sobre a domesticação do olfato através de padrões e comportamentos socialmente impostos que visaram silenciar os sentidos, a sabedoria sobre as plantas, os instintos e os prazeres, como forma de dominar e apagar o feminino.
Para defender sua tese, Palmira percorreu temas multidisciplinares que mesclam história, mitologia, contos de fadas, filosofia, artes plásticas, jornais antigos e estudos científicos recentes sobre o olfato, ilustrando como os corpos foram distanciados das experiências sensoriais que a vida proporciona junto à natureza e as plantas.
Enquanto no mundo natural, os cheiros são importantíssimos na comunicação entre diversos seres vivos, sejam plantas, animais ou fungos, para atração, defesa ou alerta, na história da humanidade e do mundo “civilizado”, as percepções relacionadas ao olfato tomaram um rumo diferente, marginalizado, afastado da visceralidade, da intuição e das emoções. Essa tentativa de afirmar uma superioridade do homem sobre a natureza e os outros animais, levou o olfato (sentido relacionado às memórias e ao comportamento instintivo) a ser classificado como inferior, primitivo e menos relevante.
Através de muitos registros históricos, Palmira também explica como as mulheres (antes detentoras de amplo conhecimento ancestral sobre os ciclos do mundo natural, sacerdotisas, sábias e “donas de seu próprio nariz”) foram lentamente ao longo de séculos e de bricolagens culturais, transformadas em “bruxas”, condenadas por aplicar seus conhecimentos sobre ervas medicinais e aromáticas, obrigadas a disfarçar os cheiros naturais do corpo e se distanciar da intuição que é despertada através do sentido considerado (pela sociedade, pelo patriarcado e por instituições religiosas) o mais perigoso e transgressor - o olfato.
Em seu trabalho, Palmira tenta compreender como a industrialização do olfato foi capaz de transformar comportamentos e sensibilidades, alterar hábitos e criar padrões higienistas sobre os corpos, através da categorização de cheiros por dualidades: pureza x pútrido, riqueza x pobreza, profano x sagrado, por exemplo.
Esta profunda pesquisa também engloba frases que se relacionam diretamente com o farejar e a intuição - e que até hoje são amplamente utilizadas muitas vezes com conotações negativas, remetendo a todos esses séculos de silenciamento e deturpação do olfato, como “meter o nariz onde não é chamada”, “isso não me cheira bem” ou “aquela pessoa tem o nariz empinado”…
Este livro é um convite de Palmira para que possamos cada vez mais resgatar esse poder intuitivo do olfato, um convite ao florescer do feminino, das experiências sensoriais com as plantas e com a natureza e a redescoberta dos verdadeiros cheiros - e narizes.
O livro pode ser adquirido diretamente com a editora MapaLab através do link:
https://loja.mapalab.com.br/livro/mulheres-farejadoras ou em grandes livrarias.
Acompanhe também o trabalho de Palmira Margarida no Instagram.
Por: Patrícia Dijigow
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