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Raflésia: a maior flor do mundo


A flor da raflésia pode atingir 1 metro de diâmetro.

O gênero Rafflesia abriga 40 espécies de plantas que habitam as florestas de Bornéu, Java, Malásia, Filipinas e Tailândia.


Originária de Bornéu e Sumatra, na Indonésia, a raflésia  (Rafflesia arnoldii) é a planta que possui a maior flor individual do mundo - que atinge até 111 centímetros de diâmetro e cerca de dez quilos de peso. Também conhecida como flor-monstro, pertence à família Rafflesiaceae e ocorre em florestas primárias e secundárias, até 1.000 metros acima do nível do mar.


Outra peculiaridade é que esta espécie é um exemplo de planta parasita, que não possui nem folhas nem raízes, e vive no interior do caule e de raízes lenhosas de sua hospedeira, que pertence ao gênero Tetrastigma (família Vitaceae - a mesma da videira).



A planta parasita passa toda a sua vida no interior da hospedeira, de onde assimila os nutrientes e só se torna visível quando os botões florais emergem da casca da hospedeira e adquirem grande tamanho. As flores apresentam aspecto carnoso e ao se abrirem, começam a exalar aroma de carne em decomposição para atrair moscas-da-carniça (gêneros Lucilia e Sarcophaga) que realizam a polinização. Por este motivo também é chamada de flor-cadáver.


As flores são de coloração marrom avermelhada com manchas claras, sexos separados e apresentam cinco lóbulos inseridos em estrutura com formato de copo, onde se localiza o disco com as anteras (na flor masculina) ou estiletes (na flor feminina). Cada flor dura em média 6 a 8 dias. Após polinizadas, as flores femininas geram frutos do tipo baga, com sementes muito pequenas. Os frutos servem de alimento para esquilos e outros pequenos mamíferos.


Detalhe da flor da raflésia.

A raflésia é muito popular entre turistas que visitam a região, sendo uma fonte de renda para a população local através do ecoturismo. Entretanto, é relatado que o número de botões de flores produzidas sofreu redução em virtude da perturbação humana.


Símbolo da floresta tropical do sudeste asiático, a espécie ilustra prospectos turísticos, representando a rica biodiversidade da região, e também já foi retratada em séries de selos postais da Indonésia e do sudeste asiático. A flor da raflésia é símbolo do projeto Flora Malesiana, responsável pelo levantamento e descrição de todas as plantas com flores da região entre a Tailândia e a Austrália.


Ilustração do livro Miquel, F.A.W., Choix de plantes rares ou nouvelles, cultivées et dessinées dans le jardin botanique de Buitenzorg (1863-1864)



A descoberta da primeira espécie de raflésia foi feita pelo francês Louis Auguste Deschamps (1765-1842), em expedição pela Ásia e Pacífico. O explorador passou três anos em Java, onde em 1797 coletou um exemplar da espécie Rafflesia horsfieldii. Ao regressar para a Europa no ano seguinte, em virtude de guerra que acontecia entre França e Inglaterra, seu navio foi tomado pelo ingleses e todos os seus papéis e anotações acabaram confiscados, sendo somente redescobertos em 1954, no Museu de História Natural de Londres.


Em 1818, com ajuda local, o botânico britânico Joseph Arnold (1782-1818) e o estadista Sir Thomas Stamford Bingley Raffles (1781-1826) coletaram um exemplar de outra espécie de Rafflesia em Sumatra. Arnold faleceu de febre logo após a descoberta e quem finalizou o desenho iniciado por Arnold foi a esposa de Raflles, Lady Sophia Raffles, também presente no momento da descoberta. O desenho foi enviado para Joseph Banks junto com a amostra preservada, passando pelas mãos de Robert Brown (1773 - 1858) do Museu Britânico e do artista que residia em Kew na ocasião, Franz Bauer (1758 - 1840).


Para homenagear Sir Raffles, o nome genérico foi validado como Rafflesia e, em 1821, a espécie Rafflesia arnoldii foi oficialmente descrita pela primeira vez por Robert Brown, em homenagem a Arnold.



Os botões florais da raflésia são de uso popular na medicina tradicional como auxiliares do trabalho de parto e são considerados afrodisíacos, embora não haja estudos suficientes sobre suas propriedades químicas.


Apesar dos relatos sobre seu cultivo em sua região nativa, é presumido que estes sejam resultantes do transplante da planta hospedeira contendo a parasita. Pelo caráter educativo e impossibilidade de se cultivar a planta em outras regiões, alguns Jardins Botânicos exibem modelos criados em 3D que demonstram o tamanho real da flor.


As raflésias são plantas classificadas como criticamente em perigo, categoria de maior risco atribuído pela Lista Vermelha da IUCN para espécies selvagens. Isto significa que elas enfrentam um alto risco de extinção na natureza.



Veja no vídeo abaixo, os diversos estágios de floração de espécies de Rafflesia:


Enquanto a raflésia é considerada a maior flor do mundo, a espécie Amorphophallus titanum é a maior inflorescência do mundo, atingindo até 3 metros de altura.



Por: Patrícia Dijigow



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