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Paisagismo ecológico: plantas nativas e exóticas

Atualizado: 21 de jun. de 2023


Quando o assunto é o plantio de espécies nativas e exóticas no paisagismo, sempre há bastante discussão. O agrônomo paisagista e professor Gabriel Kehdi, explica:


A vedélia é espécie florífera nativa do Brasil.

Plantas nativas são aquelas de ocorrência local ao ambiente em que se pensa o plantio, ou seja, são originárias daquele lugar e ocorrem espontaneamente na região. Já as exóticas não ocorrem naturalmente no local de plantio, sendo originadas de outro ecossistema.


Por mais que ainda seja possível lançar mão de espécies nativas do Brasil, uma espécie de ocorrência natural no Estado do Ceará não poderá ser considerada nativa do Estado de Santa Catarina, por exemplo.



O paisagismo ecológico é a criação de espaços ajardinados com a função, além da estética e social, de promover o enriquecimento ambiental e/ou restauração do ecossistema em que está inserido. Muito além de considerar apenas o centro de origem das plantas, o paisagismo ecológico considera o serviço ambiental e a interação destas com o ecossistema em que o jardim está inserido (assim como na permacultura) e uma das principais interações a considerar é o envolvimento com polinizadores.


O uso indiscriminado de espécies exóticas em um jardim pode proporcionar um espaço com baixa interação com o ecossistema circundante, além de prestar um serviço ambiental reduzido, quando comparado com uma vegetação nativa, que apresenta uma profunda co-evolução com a fauna local e uma relação íntima com os microrganismos do solo e com plantas vizinhas, atuando como âncoras de um equilíbrio interdependente.


Porém, o número de opções de nativas viáveis para compor o paisagismo é restrito no mercado. Plantas originárias de outros ecossistemas podem atuar como chamarizes para polinizadores e deste modo, a vegetação exótica deve contemplar características fundamentais para serem aceitas no paisagismo ecológico, devendo apresentar caráter de apoio, apenas para adicionar funções complementares ou um apelo estético bastante específico. Todo o restante do jardim deve proporcionar a regeneração ecossistêmica.


A zínia é uma espécie exótica que atrai polinizadores para o jardim.

É comum, porém, que muitas plantas "estrangeiras" sejam vistas com pouco interesse por polinizadores. Além de atrativas, plantas exóticas não podem ser agressivas, ou seja, não devem se propagar espontaneamente e devem apresentar fácil controle.


Casos populares de plantas agressivas são as invasões da Mata Atlântica pela palmeira seafórtia (Archontophoenix cunninghamiana) e pelo papel-de-arroz (Tetrapanax papyrifer) que competem com a vegetação nativa e degradam a biodiversidade da floresta.


Definitivamente esse não é um comportamento que queremos para as plantas exóticas que colocamos em nossos jardins.


A palmeira seafórtia é uma espécie exótica que compete com a vegetação nativa.

Por fim percebemos que plantas exóticas não são apenas espécies chinesas, africanas, europeias, australianas, mas também amazônicas, pantaneiras, dos pampas... quando estão inseridas fora de seus habitats naturais. Claro que entre as espécies exóticas é interessante considerar aquelas do próprio território brasileiro, mas quando falamos de plantas nativas regionais, o detalhe é mais complexo.


A quaresmeira é uma árvore nativa do Estado do Rio de Janeiro, muito utilizada na arborização urbana.

Um jardim, além de belo, deve ser funcional. E é pensando na funcionalidade ecossistêmica que caminhamos para a regeneração ambiental de nossas cidades. Ao mesmo tempo, devemos incentivar produtores a cultivar espécies nativas regionais, para ampliar a gama de opções ao desenharmos um espaço totalmente engajado com natureza circundante.


Vamos plantar!


Texto: Gabriel Kehdi





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