Um dos eventos mais fascinantes do ciclo de vida de muitas plantas é a polinização. Nas plantas com flores (angiospermas), a transferência do pólen para o óvulo das flores é popularmente associada a animais polinizadores, como abelhas, borboletas, besouros, aves e morcegos.
Não há encontro direto entre o pólen e o óvulo: as flores possuem uma estrutura receptiva no pistilo (o estigma), onde o grão de pólen se fixa e inicia o desenvolvimento do tubo polínico até se conectar ao óvulo.
Mas evolutivamente, quando há cerca de 400 milhões de anos emergiram nessa história as primeiras plantas com grãos de pólen, a Terra não era habitada por insetos coletores que pudessem realizar essa função. Entre as chamadas gimnospermas (grupo de plantas que abrange os pinheiros, cicas, ciprestes e araucárias por exemplo), a polinização é até hoje para a grande maioria delas, feita pelo vento.
As primeiras flores (que surgiram há cerca de 140-135 milhões de anos) eram polinizadas por besouros, em relação bem estabelecida muito antes do surgimento das abelhas. E estima-se que as primeiras borboletas surgiram entre 120 e 100 milhões de anos. A coevolução de plantas e insetos (e posteriormente com aves e mamíferos) permitiu ao longo desses milhões de anos, a diversificação de formas, tamanhos, cores, aromas e texturas das flores - e consequentemente, das estratégias que reforçassem essa relação tão íntima entre espécies de reinos diferentes.
Novas estruturas como nectários, ornamentações, pétalas comestíveis e mais substâncias aromáticas apareceram na evolução das plantas com flores, trazendo recursos benéficos aos animais visitantes e assegurando que o pólen seja carregado de uma flor para outra da mesma espécie. Estudar e conhecer as diversas formas de polinização é uma forma de compreender a evolução das plantas e de suas relações estabelecidas com os animais. A transferência do pólen pode se dar por fatores bióticos (com a participação de seres vivos, como as abelhas) ou abióticos (através de fatores ambientais, como o vento).
Confira abaixo os tipos gerais de polinização e seus respectivos agentes:
- Anemofilia: vento - Entomofilia: insetos (termo geral que abrange todos os insetos) - Cantarofilia: besouros - Falenofilia: mariposas - Ornitofilia: aves - Hepertofilia: anfíbios e répteis - Melitofilia: abelhas, abelhas sem ferrão e vespas - Hidrofilia: água - Quiropterofilia: morcegos
Há ainda, um tipo a mais de polinização, que é a artificial (realizada através do ser humano). Espécies cultivadas de grande valor econômico como o cacaueiro, o maracujazeiro e a orquídea Vanilla planifolia (que nos fornece a baunilha) são alguns exemplos da ação manual para aumentar a produtividade, inclusive diante da escassez dos polinizadores naturais (reflexo dos grandes impactos gerados pelo uso de agrotóxicos e devastação de habitats, entre outros fatores).
Nas fotos acima (da esquerda para a direita) as flores do cacaueiro, maracujazeiro e da orquídea Vanilla planifolia.
Por: Patrícia Dijigow
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